Texto de Frank (é tudo o que tenho), sobre uma árvore sozinha no meio do deserto. Uma árvore ascentral, que separa dois paises.
Uma árvore separa dois países.
Ela é apenas um ponto verde no mar dourado de areia que chamamos Saara, mas marca a fronteira entre o povo do leste e do oeste.
De um lado a conturbada Argélia, devastada por uma guerra civil e religiosa, onde mãos são cortadas para servir de mensagem ao governo, e do outro lado, a rica e fechada Líbia, onde o óleo enviado para o exterior fabrica marajás, que passam boa parte do seu tempo tentando encontrar um meio de gastar seus dólares.
A árvore ouve as notícias de guerra trazidas pelos ventos argelinos e as notícias de gastos inúteis dos ricos que os ventos da Líbia sussurram em suas folhas, mas ela continua inabalada.
Já testemunhou tanta coisa que entende que se preocupar, nada ajudará.
Ela já viu as tropas de Hitler sendo expulsas pelos aliados na Segunda Guerra Mundial, e agradeceu à Grande Força Divina por ter sido poupada e continuar apenas fazendo o seu trabalho por ali: mandar oxigênio ao mundo.
Às vezes as serpentes tentam envenená-la, tentando convencê-la que é apenas uma questão de tempo para que o deserto a cubra de areia ou sirva de fogueira para algum nômade em frias noites de inverno, e nunca ninguém notará que ela existiu. Ela escuta e permanece em silêncio, pois sabe que mesmo sendo a única árvore naquela terra ausente de verde, o seu trabalho faz toda a diferença.
Mesmo sozinha, ela continua fazendo a sua parte no auxílio à Mãe Terra em seu trabalho incansável de ainda ser palco de manifestação dos homens e animais. A sua sombra é apreciada e agradecida pelos viajantes que cruzam o deserto e param para tomar um chá e descansar da jornada.
Ela é sábia e paciente. Sabe que os ecos de guerra e o desperdício de riqueza passaram.
Suas ancestrais já lhe contaram sobre a queda de outros impérios e de tantas outras guerras travadas pelos homens em busca de riqueza e poder; esquecendo que a única coisa realmente valiosa no mundo é a própria vida, e o único poder que poderia conquistar todas as nações é o Amor.
Ela esta lá há quase um século e continuará por muito mais tempo representando a esperança de que um dia o homem transforme sua sede de morte em fome de viver.
Quem sabe nesse dia, os homens descubram que o mundo tem uma linguagem própria fácil de ser interpretada e consigam entender a mensagem que se esconde no fato de que o deserto já foi mar um dia.
Até lá, ela continua forte e convicta que está fazendo o melhor que pode, levando oxigênio tanto para quem a respeita quanto para quem tenta envenená-la, tanto para quem guerreia quanto para quem reza pela paz.